Artigos
Nesta seção, apresentamos artigos científicos produzidos por pesquisadores(as) do HGEL.

BATISTA, L. de O.; SANTIAGO, T. de L. Nomenclatura Gramatical Brasileira sob a perspectiva da Política Linguística. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 16, n. 2, p. 554–588, 2022.
A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) foi instituída em 1959 pela Portaria Ministerial nº 36 de 28 de janeiro do mesmo ano, com o objetivo declarado de simplificar e uniformizar a metalinguagem utilizada no espaço educacional face à diversidade terminológica existente à época. Sendo produto de uma política linguística voltada para o ensino, a NGB repercutiu de modo significativo não apenas nas práticas pedagógicas dos professores de Língua Portuguesa, em sala de aula, como também na reconfiguração dos materiais gramaticográficos. Considerando os resultados dessa política, ecoados até hoje, e o contexto macrossocial fundamental ao seu delineamento, buscamos analisar, à luz das Políticas Linguísticas, o processo de criação desse documento.

BARBOSA, T. R.; VIEIRA, F. E. The Presence of Traditional Grammar in English Language Didactic Materials. International Journal of Language & Linguistics (Online), v. 9, n. 3, p. 100-107, sept. 2022.
Brazil’s National Curricular Common Base establishes guidelines for basic education, aligning with linguistic functionalism by recommending that Portuguese and English instruction focus on practical language use and contextualized content. However, the "traditional paradigm of grammatization" (Vieira, 2018) prevails in many classrooms, emphasizing metalinguistic teaching of the "correct" language. This research analyzes a 9th-grade English textbook used in private schools in João Pessoa, Paraíba, to examine whether the explanation of Reported Speech follows a prescriptive formalist approach or incorporates functionalist elements. Results indicate that the traditional paradigm dominates, focusing on decontextualized utterances without integrating textual and discursive knowledge.

MARIS, M. Aspectos sintáticos e prosódicos do sistema de pontuação: notas sobre a gramatização do português quinhentista. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 16, p. 410-448, 2022.
Este estudo, situado na Historiografia da Linguística, procura identificar e interpretar os aspectos sintáticos e prosódicos a partir dos quais os sinais de pontuação são normatizados durante os Quinhentos. Para tanto, o tratado de Pero Magalhães de Gândavo (1574) foi delimitado como corpus, mas dados sobre os sinais de pontuação utilizados/normatizados em manuscritos medievais, em impressos renascentistas e na gramática de João de Barros (1540) também integram as notas aqui desenvolvidas. Os resultados evidenciam que, desde os primeiros gestos de gramatização do português, o sistema de pontuação já era apresentado a partir de confluências entre sintaxe e prosódia, ou entre a delimitação de constituintes oracionais e a demarcação de pausas próprias à entonação.

FERREIRA, E. G. de. M. Norma, variação e mudança linguísticas nas apresentações das gramáticas de Costa Duarte (1829), Manuel Beserra (1861) e Julio Ribeiro (1881). Revista da Anpoll, v. 52, n. 1, p. 220–235, 2021.
Situado na relação entre Historiografia da Linguística e Sociolinguística Variacionista, este artigo objetiva analisar como gramáticas brasileiras oitocentistas apresentam os conceitos de norma, variação e mudança linguísticas. Toma-se como fontes primárias as gramáticas de Costa Duarte (1829), Manuel Beserra (1861) e Julio Ribeiro (1881). Como resultados, destaca-se que, a despeito da ausência de um paradigma variacionista estabelecido nas obras brasileiras do século 19, já se encontram a abordagem da norma tanto numa perspectiva “idealista” quanto “descritivista”, a variação diastrática em evidência e a mudança linguística como transformações e aperfeiçoamentos na língua ao longo do tempo.

FARACO, C. A.; VIEIRA, F. E. A linhagem empirista na gramaticografia do século 18. Revista da Abralin, v. 20, p. 464-492, 2021.
Neste artigo, discutimos aspectos do pensamento gramatical francês do século 18 pelo seu impacto na gramaticografia de língua portuguesa. Nesse século, predominou uma postura epistemológica que refletiu diretamente nos estudos gramaticais, dando origem a uma linhagem que classificamos como empirista. Uma historiografia da gramaticografia de língua portuguesa deve considerar a natureza epistemológica dessa linhagem empirista, tanto quanto das outras duas, a latinizada e a racionalista. Assim, apresentamos alguns aspectos da linhagem latinizada e alguns gestos de refutação realizados por gramáticos racionalistas. Em seguida, caracterizamos a linhagem empirista e ilustramos suas diretrizes a partir da análise dos "Rudimentos da Grammatica Portugueza", de P. J. da Fonseca (1799).

FARACO, C. A. Norma-padrão e ensino de português no Brasil. Palavras – revista em Linha, Lisboa (Portugal), n. 4, p. 45-56, 2021.
A questão da norma-padrão do português brasileiro escrito está em aberto. Ou, dito de forma mais direta, está ainda mal resolvida. Como consequência, está igualmente mal resolvido o seu ensino. Falta-nos não apenas uma pedagogia renovada da norma-padrão, mas, antes de tudo, nos falta um objeto delineado com relativa precisão a que se possa reconhecer, consensualmente, como a norma-padrão do português brasileiro escrito contemporâneo. Para entender essa situação, é necessário percorrer a atabalhoada história da estipulação de uma norma-padrão para a escrita no Brasil, bem como as principais características da realidade linguística brasileira em meio à qual devem se situar os processos padronizadores para a escrita.

ALEXANDRE, D. J. A.; VIEIRA, F. E. O elemento gramatical “lo” em publicações didáticas brasileiras da década de 1940: Historiografia da Linguística e ensino de espanhol. Investigações (Online), Recife, v. 33, p. 1-22, 2020.
Tomando como objeto da Historiografia da Linguística as formas de conhecimento construídas sobre a língua ao longo da história (Altman, 2009), este artigo objetiva analisar a metalinguagem empregada em torno do elemento gramatical “lo” em materiais didáticos de espanhol publicados na década de 1940 no Brasil. Assim, selecionamos cinco fontes representativas desse período, sobretudo a partir da publicação de uma lei que fixava conteúdos de espanhol no sistema educativo brasileiro. Nos resultados, verificou-se nas obras uma difusa variedade taxonômica e de possibilidades de uso do “lo”, que são refletidas nos livros didáticos e nas práticas docentes até os dias atuais

VIEIRA, F. E. A sintaxe no Brasil: notas historiográficas e eixos temáticos de investigação. Alfa: Revista de Linguística, São José do Rio Preto, SP, v. 64, p. 1-29, 2020.
Este artigo estabelece alguns eixos temáticos apropriados à realização de investigações historiográficas sobre a dimensão sintática dos estudos gramaticais no Brasil, entre os séculos XIX e XXI. São esboçadas algumas linhas de compreensão que podem conduzir a construção de narrativas interpretativas e explicativas sobre como o conhecimento sintático foi adquirido, formulado, difundido, transformado, preservado, ensinado ou esquecido no contexto intelectual brasileiro. Para tanto, elabora-se uma espécie de trajetória concisa dos estudos sintáticos, da Antiguidade ao cenário pedagógico brasileiro. A narrativa deságua na sistematização, em forma de questões de pesquisa, de três eixos temáticos para uma historiografia da sintaxe no Brasil, envolvendo aspectos teóricos, descritivo-normativos e pedagógicos.

MEDEIROS, E. G. de.; VIEIRA, F. E. Colocação pronominal na Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: comparando as abordagens das 1a e 37a edições. DLCV (UFPB) - Língua, Linguística & Literatura, João Pessoa, v. 15, n. 1, p. 143-173, 2019.
Este artigo tem como objetivos comparar as abordagens do fenômeno sintático “colocação pronominal” em duas edições da Moderna Gramática Portuguesa (1961, 1999), de Evanildo Bechara (1928-), e refletir sobre as motivações e implicações de tais abordagens. A pesquisa está inserida no campo da Historiografia da Linguística, nos termos de Swiggers (2009, 2010, 2012, 2013) e Altman (1998, 2009, 2012). Como resultados, destacamos que, apesar das descontinuidades anunciadas no nível retórico, a obra de Bechara, no tratamento da colocação pronominal, permanece em continuidade com a gramática normativa tradicional, mantendo o viés prescritivo instaurado no fazer gramatical brasileiro desde o fim dos oitocentos.

FARACO, C. A. Aspectos da história socioeconômica e linguística do Brasil. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 20, p. 23-52, 2018.
O objetivo do texto é discutir aspectos da história socioeconômica e linguística da sociedade brasileira. Busca-se analisar os efeitos sociolinguísticos da formação mercantilista escravocrata, própria do período colonial, do capitalismo industrial e do capitalismo tardio. O texto se fundamenta numa ampla revisão bibliográfica e mostra que a sociedade brasileira do século XXI alberga, conflituosamente, os efeitos socioeconômicos e linguísticos da formação colonial, do desenvolvimento precário do capitalismo industrial e dos desafios trazidos pelo capitalismo tardio.